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Old March 26th, 2014 #1
RickHolland
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Sabedoria árabe?

Fala-se muitas vezes duma ciência e duma filosofia árabe, – observa ele; na realidade, durante um século ou dois na Idade Média, os árabes foram nossos mestres, mas só enquanto não conhecemos os originais gregos.

A ciência e a filosofia árabe nunca deixaram de ser uma mesquinha tradução da ciência e da filosofia grega. Desde que a Grécia autêntica despertou, essas míseras traduções ficaram sem sentido e não foi sem razão que os filólogos da Renascença iniciaram contra elas uma verdadeira cruzada.

De resto, olhando de perto, essa ciência não tinha nada de árabe. O seu fundo é puramente grego, e entre os que a criaram não se aponta um único semita. Eram espanhóis e persas, escrevendo o árabe. O papel filosófico dos judeus na Idade Média é também o de simples intérpretes.

A filosofia hebraica desta época é a filosofia árabe sem modificações. Uma página de Roger Bacon encerra mais espírito científico do que toda essa ciência em segunda mão, respeitável, sem dúvida, como um anel de tradição, mas despida de grande originalidade.


– António Sardinha in Na Feira dos Mitos.
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Old March 27th, 2014 #2
RickHolland
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Plutocratismo

Sendo contra os princípios funestos da Revolução Francesa, nós somos necessariamente contra a organização económica da sociedade moderna. O Trabalho e a Propriedade sofreram com a obra da revolução a influência duma nova ordem de coisas, donde deriva imediatamente a crise que a todos nos toca e que escurece o horizonte com tão cerradas interrogações.

O proletário, que nós vemos enfeudado ao cortejo dos agitadores políticos, deve à democracia a sua situação miseranda; a desorganização individualista da revolução aboliu os quadros corporativos em que o Trabalho se protegia e defendia dos acasos da concorrência em que o trabalho deixou o produtor entregue ao arbítrio da plutocracia, que é sem dúvida a única e a verdadeira criação do espírito revolucionário.

Enganam-se os humildes se nas promessas falaciosas do erro democrático supõem encontrar a realização das suas reivindicações justíssimas! Um século inteiro de experiências dolorosas mostra-nos que nunca a sorte das classes pobres pode ser tratada e minorada pelos governos saídos do voto, que são estruturalmente governos sujeitos, por defeito de origem, à venalidade e à corrupção.

A Propriedade e o Trabalho, constituindo a pedra angular da Família, constituem os alicerces inalienáveis da Nacionalidade. Cosmopolita, mais fácil de se furtar às suas responsabilidades sociais, o Capital precisa de se restringir aos seus defeitos de relação entre a terra e o homem.

Os desaforos do cambismo, envolvendo e universalizando a sociedade por meio da judiaria argentária, empurram-nos fatalmente para a dissolução do conceito supremo da Pátria. Impossibilitam por outro lado o operário de se hierarquizar como uma energia positiva e autónoma.

As democracias resultam daqui, agora e sempre, como as formas de governo mais aptas à supremacia da alta finança. São «Le pays de cocâgne rêvê par des financiers sans scrupules» como Georges Sorel as define. A instabilidade do poder nos governos electivos e a sua conquista pela corrupção eleitoral torna-os por natureza regimes abertos, como nenhuns outros, às imposições do Plutocratismo.


– António Sardinha in Durante a Fogueira.
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Old March 27th, 2014 #3
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Mas eu achava que uma boa parte dos arabes era ariano pertencente ao subgrupo Iranid, talvez daí venha também sua fonte de inteligência para a álgebra e matemática antiga.
 
Old March 27th, 2014 #4
Antônio Salles
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Originally Posted by Erick Gefallener View Post
Mas eu achava que uma boa parte dos arabes era ariano pertencente ao subgrupo Iranid, talvez daí venha também sua fonte de inteligência para a álgebra e matemática antiga.
Os árabes tem origem semítica. A maioria das nações árabes hoje são resultado da mistura de várias raças: semitas, caucasianos, indo-europeus e alguns negroides também.
E os conhecimentos matemáticos pelo qual são conhecidos, na verdade, não foram desenvolvidos por eles. São originários dos arianos na Índia, os árabes apenas os patentearam.
 
Old March 27th, 2014 #5
Erick Gefallener
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Originally Posted by Antônio Salles View Post
Os árabes tem origem semítica. A maioria das nações árabes hoje são resultado da mistura de várias raças: semitas, caucasianos, indo-europeus e alguns negroides também.
E os conhecimentos matemáticos pelo qual são conhecidos, na verdade, não foram desenvolvidos por eles. São originários dos arianos na Índia, os árabes apenas os patentearam.
É verdade, como a historia da formula de Baskara(inventada por indiano e patenteada por arabe).
 
Old April 23rd, 2014 #6
RickHolland
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Madre Inquisição

Temos a África nas nossas veias.
O mais do nosso sangue é sangue preto.
Assim, carregadinhos de cadeias,
onde é que irá ficar-nos o esqueleto?

E eles mandam como as alcateias!
Há tantos, que debalde os acometo.
Logo ressurgem com as caras feias,
– não sei por que feitiço ou amuleto!

São moiros e ciganos quem governa.
Nunca será bastante a pena eterna
pr'a quem desfez a raça com torpeza!

Oh Santa Inquisição, acende as chamas!
E no fulgor terrível que derramas,
Vem acudir à Pátria Portuguesa!


– António Sardinha in Pequena Casa Lusitana.
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Old April 23rd, 2014 #7
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Auto de Fé

A um poeta

Não és da Cruz, não és do nosso rito.
São de outro sangue os mortos que tu contas.
Quem te vestisse a ti o sambenito
e te impusesse a estrela de seis pontas.

Teu verbo foi de morte! Foi maldito!
É verbo de Israel, bramindo afrontas.
De tudo o que deixaste um dia escrito
perante Deus um dia darás contas!

Iago, Saltamontes e Veneno,
por grande que ele seja, é bem pequeno
Meu ódio de cristão, de português!

Deitem-lhe os livros todos à fogueira.
E enquanto a chama os lambe justiceira,
Ponham-lhe os santos óleos de outra vez!


– António Sardinha in Pequena Casa Lusitana.
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Old April 23rd, 2014 #8
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Versos a Dona Sol

Fosse eu familiar do Santo Ofício,
levava-te à prisão sem grande pena!
Neta de moiro, herdaste o malefício
Da tua raça morena!

(...)

Se houvesse Inquisição – que desengano!
terias sido já queimada viva!

Tição de varonias de Castela,
o povo hebreu deixou vestígio em todas.
Se és nódoa escura da linhagem dela,
não temos de estranhar as tuas bodas!

(...)

Que airosa não ficavas, que elegante,
de sambenito, algemas e carocha!
Houvesse Inquisição!... E assim ligeira,
em modos de possessa que estrebucha,
terias já bailado na fogueira,
oh filha dum cigano e duma bruxa!

(...)

eu próprio te levava ao Santo Ofício,
oh Dona Sol de túnica amarela,
que me puseste um dia malefício!...


– António Sardinha in Quando as Nascentes Despertam...
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Old May 8th, 2014 #9
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Somos tradicionalistas!

Somos tradicionalistas. Ser tradicionalista não é devolver-nos ao Passado, morto, inerte nos seus moldes cristalizados. É aceitar do passado o impulso dinâmico, a sua força vivificadora. Para nós tudo o que é repousa naquilo que foi. A tradição não é assim um ponto imóvel na distância. É continuidade no desenvolvimento, é aquela ideia directriz que já Claude Bernard apontava como presidindo à vida dos seres. Não acatar as regras inalienáveis da nossa confirmação histórica o mesmo é que pretender substituir estultamente a nossa hereditariedade individual por qualquer outra que seja mais da nossa simpatia.
Os princípios que defendemos, antes de serem princípios, foram conclusões. Nós não significamos aqui mais que um voto unânime da nacionalidade pelo apelo sagrado dos seus Mortos.
A nossa política não é uma política de profissionais mas uma política de profissões. Assentamos numa concepção orgânica da sociedade, com a diferenciação e a competência por critérios reguladores. Se nos Insurgimos contra a democracia, é porque a democracia é a negação de todo o estímulo e de toda a prosperidade. Somos antiliberais. Mas somos antiliberais, porque, municipalistas em relação às administrações locais e sindicalistas em face da questão operária; é pelas liberdades, de sentido restrito e concreto, que dedicadamente nos bateremos.


António Sardinha in «A Monarquia» de 20 de Fevereiro de 1917.
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Old May 8th, 2014 #10
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Da Monarquia tradicional

A restauração da Monarquia, – ponderava já De La Barre de Nanteuil –, não é simplesmente a restituição do poder ao rei, mas a restauração de todas as leis fundamentais do povo. Pois, exactamente, nas «leis fundamentais» do povo, é que a nossa Monarquia tradicional assentava a sua razão histórica de existir. Não pensemos, de modo nenhum, em que seriam preceitos escritos, formando o que em boa mitologia política se convencionou chamar uma «constituição». Saídas de vários condicionalismos, tanto sociais como físicos, duma nacionalidade, formariam, quando muito, pelo consenso seguido das gerações, a observância dos princípios vitais da colectividade, – Família, Comuna e Corporação, ou seja Sangue, Terra e Trabalho, cujo conjunto admirável Le Play designaria de «constituição-essencial».
De «Monarquia limitada pelas ordens», classificaram os tratadistas portugueses a nossa antiga Realeza. Correspondendo às forças naturais da sociedade, organizadas e hierarquizadas em vista ao entendimento e bases do comum, as «ordens» do Estado eram, a dentro dos seus foros e privilégios, as depositárias natas dessas «leis fundamentais». Cada associação, cada classe, cada município, cada confraria rural, cada behetria, possuía na Idade Média o seu estatuto próprio, a sua carta de foral. Legislação positiva destinada a normalizar e a coordenar as exigências da vida quotidiana, tomava o «costume» por base e consagrava a experiência como sua regra inspiradora.


– António Sardinha in A Teoria das Cortes Gerais.
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"Pátria para sempre passada, memória quase perdida!"

Pois para que não o seja é que nós voltamos ao mais alto exercício do nosso dever de portugueses, que não é senão o de promover entre nós uma restauração da Inteligência. Dum e doutro lado da trincheira em que Portugal se corta de cima a baixo, pululam, numa inconsciência torpe de arraial, os mesmos bonecos, os mesmos postiços, cuja genealogia Eça de Queiroz nos traçou na sua obra cheia da mais elevada intenção demolidora. Portugal morre, porque, tal como uma tribo de berberes, deixou secar as raízes que o prendem à alma eterna da História. Cabe-nos a nós por isso – minoria que por acaso nos julguem – reconstruir, antes de mais nada, a fisionomia moral da Nacionalidade, indo beber ao património das gerações transactas os estímulos sagrados que nos abrirão, de par em par, as portas misteriosas do Futuro.
Assim se define o nosso nacionalismo, que não é nacionalismo somente, porque o tempera, como regra filosófica, o mais rasgado e genuíno tradicionalismo. Aceitação das razões fundamentais da Pátria com todas as leis derivadas da Raça e do Meio, nós não nos fechamos, porém, nessa moldura estática, em que por vezes pode tumultuar um forte vento anárquico, como o provam na sua incapacidade conhecida as diversas improvisações nacionalistas provocadas pela guerra europeia. Há que ir mais longe e realizar pela projecção do génio de cada pátria numa consciência maior um ideal superior de civilização – o da civilização cristã que formou o mundo e esperamos confiadamente o salvará ainda.


– António Sardinha in A Prol do Comum.
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Old May 8th, 2014 #12
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Direito de revolta

Superior aos indivíduos duma triste hora passageira, a Pátria não é, com efeito, de modo nenhum o pretexto das nossas paixões transitórias, nem a nós nos assiste o poder de a transformarmos segundo os nossos caprichos e conforme as nossas ideologias. O estrangeiro não é, portanto, unicamente aquele que nasceu de outra comunidade com outra língua e outros costumes. É também estrangeiro o que, insurreccionando-se contra a regra que o conformou socialmente, realiza em si a tremenda palavra de Comte, ao condenar a Revolução como sendo a "rebeldia do ser contra a espécie".
Ora quando esse estrangeiro, que é bem o estrangeiro do interior, desnacionalizado por ideias cosmopolitas, maçonizado por interesses baixos de seita, se apodera do governo duma nação para lhe imprimir uma finalidade adversa aos seus sentimentos fundamentais, não haverá legitimamente, até da parte duma minoria, o direito de revolta?

– António Sardinha in A Prol do Comum.
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Old May 8th, 2014 #13
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Da infecção maçónica

O internacionalismo maçónico contaminara-nos já desde atrás, com os soldados que serviram a fortuna de Napoleão e que no regresso nos empurravam francamente para a União Ibérica, saudada e propagada nas Lojas Peninsulares como o triunfo maior da causa da Liberdade. Só numa história escrita ao contrário, como a nossa anda, é que Gomes Freire pode figurar de mártir da Pátria. O militar valente, mas desnacionalizado, da epopeia napoleónica não era o único, porém. Os seus irmãos do triângulo simbólico enraizaram-se farta e fortemente no solo português, mal o senhor Intendente deixou de farejar por toda a Lisboa do começo do século findo os agentes perniciosos da grande conspiração universal que foi, na verdade, a Revolução. Pois da Maçonaria descende o nosso liberalismo, como da Maçonaria surgiu esta república, já adivinhada e procurada com entusiasmo de sentimento e oratória pelos homens de 1820.


– António Sardinha in Na Feira dos Mitos.
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Old May 8th, 2014 #14
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Da infiltração maçónica na Igreja

Filho da Revolução, o Liberalismo recolheu-lhe toda a herança, embora nas suas formas atenuadas. Aproveitando-se duma desastrada disputa dinástica, nós sabemos como tomou posse do nosso país. A Maçonaria foi como agente universal da indisciplina e da negação entre nós. E a Igreja não escapou à infiltração do seu morbo dissolvente e pertinaz. Os frades de S. Bento e os cónegos regrantes de Santo Agostinho, sobretudo, forneceram um meio propício ao maçonismo invasor. Noviço de Santa Cruz de Coimbra, José Liberato Freire de Carvalho, – D. Fr. José de Loreto –, desempenha um papel primacial no desenvolvimento da Maçonaria entre nós.
Enlaçada a Maçonaria ao Liberalismo, a política religiosa inspirou-se imediatamente na figura regalista de Pombal. É nos clubes secretos que se conspira contra as bases tradicionais da sociedade, saindo de lá, em grande carnaval pelo país abaixo, a Revolução de 1820. Na lista dos cabecilhas avulta Fr. Francisco de S. Luís, mais tarde Bispo-Conde eleito, com a designação de Cardeal Saraiva. Segundo a relação das lojas existentes em Portugal por volta de 1821 e dada nesse ano à estampa em Paris, o futuro Cardeal-Patriarca fazia parte do estado-maior do Grande Oriente Lusitano com o crisma maçónico de Condorcet. Funcionavam com ele os Irm. Spartacus (D. Pascoal, membro do Grande Oriente Espanhol e encarregado da correspondência), Temístocles (Cónego Castelo Branco), Durac (Padre Portela, declarado profano por não ser exacto nas contas), e Tarquínio (José Pedro, dono dum botequim em que se alistavam adeptos). Como se mostra, era, na verdade, a melhor companhia para quem se cobriria ainda com a púrpura cardinalícia.
Não é isolado o caso de Fr. Francisco de S. Luís. Não me refiro já aos simples tonsurados – legião inúmera nas hostes do Liberalismo e ao serviço da Maçonaria. Refiro-me apenas aos prelados. Ninguém ignora que o clero constitucionalista, se encarna à maravilha no tipo rechonchudo e cínico do Padre Marcos, teve quem o precedesse nos juramentos prestados sobre o compasso e o esquadro, à face do Supremo Arquitecto do Universo! O Arcebispo da Baía, D. Fr. Vicente da Soledade, presidiu às Constituintes de 22. No horror dos vintistas ao padre, não se lhe confiaria um lugar de proeminência, se a inscrição nos fastos do grémio lhe não abonasse a conduta. Mas o episódio mais impressivo sucedeu com o penúltimo Bispo de Elvas, D. Fr. Joaquim de Meneses e Ataíde.
Na sua História da Maçonaria em Portugal, Borges Grainha, ao mencionar a loja Liberalidade, instalada em Elvas no ano de 1818, informa pertencerem a ela as principais pessoas daquela praça, entre outras o Bispo Ataíde, o General Stubs, o Visconde de Vila Nova de Gaia, José Lúcio Valdez, depois Conde do Bonfim, o Cónego João Travassos, o Tenente-Coronel Manuel Geraldes Ferreira Passos, que era o venerável e António Manuel Varejão, então ajudante de infantaria 8 e liberal exaltado, mas que serviu de testemunha contra os Irm. da sua loja, depois da queda da Constituição de 1820.


– António Sardinha in Ao Ritmo da Ampulheta.
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Viriato

Deus fez a Terra. E a Terra fez a Raça,
Da Raça e mais da Terra tu vieste.
(O barro anónimo incarnou por graça
e a treva encheu-se dum clarão celeste!)

P'ra trás de ti há só a névoa baça,
há só a argila que o teu corpo veste,
parente das raízes, em quem passa
toda a rijeza duma noite agreste!

Porque és ajuda e segurança antiga,
pode bem ser que a tua voz consiga
guardar dos lobos o revolto gado...

Erguido sobre os longes pardacentos,
ó filho das levadas e dos ventos,
acode ao teu rebanho tresmalhado!


António Sardinha
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A Ordem Burguesa

Na instabilidade permanente da nossa vida pública, não é dos homens que nós nos devemos queixar. Falta-nos um poder central que não dependa dos favores da opinião e que, no título indiscutível da sua legitimidade, tenha consigo todo o prestígio de uma autoridade voluntariamente aceite. Por mais que as ideologias republicanas persistam em afirmar o contrário, em Portugal a democracia está nos paroxismos finais, como de resto, em toda a parte. Se uma ideia se revela e afere pelas vantagens em que se confirma e realiza, não são outras as conclusões da terrível experiência social que representa para o mundo a guerra europeia. No seu último discurso Lloyd George claramente manifesta a sua inquietação. E se as democracias externamente se nos desmascaram como incapazes duma acção militar eficaz, também de há muito a sua impossibilidade para a solução dos problemas económicos se encontra mais que demonstrada.

Quem diz «democracia» diz «individualismo». Quem diz «individualismo» diz por sua vez «burguesia» e «capitalismo». Na pavorosa confusão mental de que a Europa é vitima há mais de um século, acredita-se ainda que a Revolução Francesa, porque proclamou os Imortais Princípios, abriu às classes pobres uma era nova de emancipação e prosperidade. Se a superstição liberalista não falasse tanto à sentimentalidade das massas, com certeza que não se teria ido tão longe num ludíbrio que encobre a maior das falsidades. Se hoje existe, e em grau tão agudo, urna questão irredutível entre o rico e o pobre, entre o que produz e o que consome, a culpa é precisamente da metafísica mentirosa da Revolução. A Revolução só deu acesso a arrivistas cobiçosos de oiro e de domínio, a quem faltava a preparação moral da antiga sociedade.

A antiga sociedade fundamentava-se no Sangue e no Trabalho, na Família e na Corporação. A Corporação e a Família eram assim as bases dum acordo permanente das classes, identificadas pelo seu interesse comum com o interesse próprio duma dinastia. Tudo se subverteu, porém, na hora em que pôde mais a oratória duma turba anónima de agitadores. E, de então para cá, correndo sempre atrás de uma miragem que nunca mais se alcança, os homens dividem-se furiosamente na demanda dessa fraternidade por que tanto suspiram, mas da qual cada vez se afastam mais.

Não há dúvida que nos achamos em frente de uma demorada e dolorosa crise. As reivindicações das camadas operárias crescem ameaçadoras, enegrecendo de apreensões o horizonte já carregado das incertezas mais sombrias. Apregoa-se, vai em século e meio, a soberania do povo e só descobrimos ocupando-lhe o lugar o capitalismo mais desaforado e mais omnipotente. É o oiro quem manda desbragadamente. Manda a agiotagem como nunca. Reina a bancocracia. Um feudalismo pior que o outro, visto não conhecer nenhuma limitação de natureza espiritual nem resultar das necessidades históricas de sociedade, - um feudalismo, pior que o outro, escraviza a produção nas suas tenazes de ferro, ao mesmo tempo que entoa a ária estafada dos chamados Direitos do Homem.

Há bem pouco ainda que Wilson saudava nos seus soldados os soldados da Liberdade. Soldados da Liberdade os soldados da mais descomunal das plutocracias que as gerações conhecem e conhecerão! Meditem nesta contradição evidente os que acreditam na sonoridade das grandes palavras e se deixam arrastar infantilmente pelo seu aparato de firma suspeita. Mais do que nunca a guerra europeia é a prova de que vivemos sobre um artifício que é preciso denunciar a todo o transe. Esse artifício é o sofisma democrático que impede o Trabalho de se organizar colectivamente e cria na dispersão do proletariado a sua fraqueza diante dos detentores despóticos do poder. Não é outra a claridade porque devemos encarar a situação do nosso país durante os acontecimentos que ultimamente paralisaram quase por completo a vida em Lisboa.

A concepção de existência na democracia é materialista. Vem de Voltaire a sua herança filosófica e ninguém melhor a representa do que os aventureiros de 1830, com Thiers e Périer, gritando para os camaradas: - « Enrichissez-vous! Enrichissez-vous!» Deus ficara para os outros. Ficara para os outros, pelo muito que lhes haviam roubado, a lei antiga da honra que sujeitava as fortunas ao interesse da colectividade e que levantara, por isso mesmo, a Vendeia em defesa dos seus nobres, timbrando sempre em cumprir as suas obrigações de boas autoridades sociais.

A Revolução desembaraçou, ao contrário, a propriedade de tais encargos, que eram seculares. E quem andar um pouco em dia com as coisas da história, verificará que, dos redentores de 89, os que escaparam à obra purificadora da guilhotina acabaram inevitavelmente príncipes do Império e ministros da Restauração. «Ouça cá, duque de Otranto! - dizia-me duma vez Robespierre». E nesta anedota celebre de Fouché está contido o parvenu que a Revolução elevou de um salto às culminâncias doiradas do poder.

Ora as democracias, desenvolvendo por um lado o arrivismo e por outro o amor do lucro, colocam o Estado ao alcance dos ambiciosos que o souberem conquistar e segurar. Cria-se assim a ordem burguesa, bem caracterizada pela maneira sangrenta como se liquidam em democracia as convulsões populares. Luís XVI morreu no cadafalso porque recuou em frente do alvitre de mandar metralhar a canalha de Paris. Por outro tanto caiu nas jornadas de julho a Realeza legitima. Já não acontece o mesmo na França republicana, com Clemenceau ordenando os massacres de Narbonne e de Davreuil, e na «livre-América», com o milionário Carnegie, e autor do tal livro famoso, - A Democracia triunfante, fuzilando por conta própria os seus operários em greve. A ordem burguesa é, pois, a ordem que se defende no Estado unicamente por meio da força e que, não tendo consigo nem um passado nem um futuro, pratica, enquanto lhe é possível, a máxima de Guizot:- «Governar é aguentar-se no poder».

Nós conhecemos a «ordem burguesa». Foi ela que resolveu, sem a resolver, a greve que traz isolada Lisboa do país inteiro e o país inteiro do resto do mundo. O governo, na sua intransigência, pretendeu proceder como governo. Mas para proceder como governo faltavam-lhe, e faltam-lhe, os apoios que só possui uma autoridade legitima. Nascido duma revolução, quis manter-se contra os resultados naturais dessa revolução. Não tinha em sua defesa mais amparos que os da resistência material. Não filosofo agora sobre uma evidencia que os próprios factos se encarregam de descarnar bem cruamente. O que eu desejo é assinalar mais uma vez o fim próximo dos regimes democráticos.

Esta guerra trouxe com ela uma revivescência espantosa de nacionalismos. Adite-se-lhe a pressão crescente das reivindicações operarias que já ninguém ilude na sua energia, de momento para momento mais forte e mais consciente. O sindicalismo é a forma social de amanhã. Voltam a aliar-se, deste modo, dois elementos eternos que a Revolução desprezou e de cujo, consorcio derivará a saúde da sociedade vindoira: - a Família e a Associação.

São as democracias impotentes, por pecado original, para solucionar a crise que geraram com o seu advento. O duelo do Trabalho com o Capital testemunhado claramente. A liberdade política é um embuste com que se desvirtuam e sofismam as reclamações inadiáveis dos que produzem e nada conseguem. Não é de liberdade política que se trata. Trata-se mas é de liberdade económica. A liberdade económica, pela sua própria índole, é incompatível com os sistemas parlamentares, que importam, como, consequência, as oligarquias políticas e financeiras que atiraram a Europa para a guerra e nela a mantêm. É imperioso apear o Capital do seu poderio abusivo para o tornar um acessório dos dois factores que naturalmente o antecedem : - a Terra e a Produção. Exterminando a supremacia dos argentários e o cosmopolitismo da alta finança, a sociedade retomará, pela emancipação económica, o caminho perdido das antigas liberdades cujo segredo consistia somente num vigoroso espírito associativo.

Mostram-se incapacitados de o conseguirem os regimes saídos da Revolução Francesa. Temos a prova ao alcance dos nossos olhos no espectáculo que Lisboa nos oferece. E se nos recolhermos um pouco a um exame mais vagaroso dos factos, o que se vê é que só as monarquias dispõem dessa admirável faculdade. Embora aristocrática em Roma, a república caiu pela sua impossibilidade orgânica em satisfazer as exigências justas da plebe. Por aí afora, até a actualidade, é sempre o principio monárquico que triunfa na realização pacifica das reformas mais avançadas. Com a queda da Realeza tradicional, desapareceu o sistema corporativo. A tirania da livre concorrência surge com a liberdade tirânica das democracias. Os operários portugueses padecem e padecerão largamente os amargos indefinidos da maior das desilusões. «Oh, como a república era linda nos tempos do Império!» - dizia-se em França, depois dos primeiros desenganos. Podemos repeti-lo em Portugal. Mas repeti-lo não basta. O que é urgente é que desembaracemos a mentalidade do proletariado dos seus preconceitos anárquicos, lógicos em face da doutrina democrática, mas despidos de significado e valor em presença das realidades.

A ordem republicana é a ordem burguesa. A ordem burguesa Guizot a definiu, ao exclamar que «governar era segurar-se a gente no poder». Não são precisos princípios. Para que diabo é que servem escrúpulos e preocupações, se a vida passa e o primeiro lugar é do que primeiro lhe deitar a mão? A moral laica gera assim naturalmente o utilitarismo. O utilitarismo por sua vez conclui em Bonnot e em Garníer, dois bandidos bem menos responsáveis e bem mais sinceros do que se imagina.

Tal é a situação das democracias contemporâneas. Provocam conflitos que não resolvem, sufocando-os pela razão momentânea da metralha. Regimes contra a natureza, faliram na guerra como na paz.

Incapazes de conduzirem externamente um esforço, militar ou diplomático, que seja continuo e homogéneo, prejudicam no interior a unidade social num constante acirramento de facções e de antagonismos. A virtude das monarquias, pelo contrario, consiste em desviar para fora, em serviço duma aspiração de engrandecimento e riqueza, os fermentos internos de desagregação. Por isso como o passado foi seu, seu há-de ser também irrecusavelmente o futuro. O Estado guerreiro só é possível com o Rei, como só com o Rei é possível o Estado pacifico. Sobre essa certeza se repousa o Integralismo Lusitano que, sendo tradicionalista extreme na sua estrutura, encara sem temor o dia de amanhã, que na solução monárquica do Estado e na solução corporativa do Trabalho virá a encontrar o seu equilíbrio definitivo.

As democracias terão já passado como passa um vento mau, não ficando mais delas senão o aproveitamento duma grande lição.


Setembro, 1917.

(António Sardinha, reed. In Durante a Fogueira, 1927)

http://www.angelfire.com/pq/unica/il...m_burguesa.htm
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