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Old January 19th, 2012 #21
Lusi
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Bom Trabalho, tiro pratica-se em Caça ou então de outras maneiras, os jogos de computador também ajudam em muito, principalmente no que toca a conhecer as armas.
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Consciência e Realidade = O Essencial
 
Old January 20th, 2012 #22
Henzo
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Quote:
Deixei um post no melhorias sobre esta questão, se o Henzo considerar demasiado fora de tópico, apago isto.
Somente agora li a postagem que você fez referência na thread de melhorias. O que escreveste é bem acertado e sensato, não apague, o que escrevestes na thread deve ficar lá para que todos os outros possam lêr. Agradeço a atenção.
 
Old January 26th, 2012 #23
Henzo
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Possibilidade de uma Legião Estrangeira Russa.

Rússia está muito próxima de criar sua própria "Legião Estrangeira"



A Rússia está pronta para receber estrangeiros para servirem em suas Forças Armadas pela primeira vez. O Ministério da Defesa da Rússia tem uma proposta que visa a criação de uma Legião Estrangeira nos moldes da Legião Estrangeira Francesa, assim relata os meios noticiosos russos.

Segundo o plano, postado no site do Ministério da Defesa da Rússia nesta semana, os estrangeiros sem dupla nacionalidade seriam capazes de assinar um contratos de cinco anos. A cidadania russa seria concedida depois três de serviço.

Especialistas dizem que a mudança poderia abrir caminho para os cidadãos da CEI (Comunidade dos Estados Independentes) para obter caminho livre para a obtenção da cidadania russa, e assim combater os efeitos da crise demográfica da Rússia em seu atual sistema de recrutamento do exército. Atualmente, os estrangeiros só podem servir nas Forças Armadas da Rússia após a obtenção de um passaporte russo.

Dmitry Rogozin, representante russo na Otan, em Bruxelas, disse no microblog Twitter que “os estrangeiros são capazes de servir no Exército Russo”.

Rogozin saudou a notícia ao jornal Notícias de Moscou dizendo: “Deve haver uma legião estrangeira no exército e um recrutamento de estrangeiros com base em contrato.”

Mirando os russos étinicos

Há cerca de 25 milhões de russos étinicos nos ex-satélites da URSS e a Rússia sempre se interessou em recebê-los de volta, disse Rogozin, e acrescentou que esse plano era uma maneira para atrair esses russos étnicos.

“Eu acredito que os russos étinicos que residem fora da Rússia querem voltar e eles ficariam muito felizes em exercer funções no Exército”, disse Rogozin.

Dando a oportunidade para os estrangeiros também poderia se abrir o caminho para o recrutamento de soldados da Ossétia do Sul e da Abkházia, uma vez que os homens dessas duas regiões lutaram ao lado do Exército Russo na guerra de 2008 contra a Geórgia.

Alexander Golts, especialista militar e um ativista do movimento de oposição Solidarnost, disse que a medida era provável, uma vez que visa preencher a lacuna no serviço militar, devido à diminuição da população da Rússia.

“A Rússia está enfrentando uma lacuna demográfica no momento, e é duvidoso que seremos capazes de sustentar um exército de 1 milhão de homens no futuro”, disse Golts ao Notícias de Moscou.

http://codinomeinformante.blogspot.c...criar-sua.html
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Old January 26th, 2012 #24
Henzo
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http://www.legion-recrute.com/pt/faq.php

1 - Será obrigatório alistar-se usando uma identidade fictícia ?

Não, desde do dia 20 de setembro 2010, os candidatos para entrar na legião estrangeira assinam o contrato com a verdadeira identidade. Excepto os candidatos que pediram para mudar de nome.A decisão final para os candidatos que pediram para mudar de nom, é tomada depois da comissão de seleção, que decide quais são os candidatos selecionados.

2 - Será possível recuperar depois a verdadeira identidade ?

Sim, o processo de regularização de situação militar autoriza o legionário a servir rapidamente com sua verdadeira identidade. Todo legionário que cumpre um ano de serviço pode solicitar tal regularização se não tiver problemas.

3 - De quais documentos devem ser portador um candidato ao recrutamento ?

A apresentaça?o de todas as peças de identidade (válidos) preduzidas pelo Estado de pertença do candidato é pedida de forma a facilitar o processo de seleça?o e de recrutamento ( bilhete de identidade, passaporte, licenças de conduzir, diplomas de estado...). Todos os casos, um acto ou um extrato de ato de nascimento com filiaça?o será requerido antes do fim du primeiro ano de contrato.

4 - Ao contrario, poderá um legionário adquirir a nacionalidade francesa ?

Sim, pode pedir a nacionalidade francesa um legionário estrangeiro depois de ter cumprido três anos de serviço. O requisito é geralmente atendido se o legionário não teve problema com a justiça e tem comprovado a sua vontade de integração à nação francesa. O legionário que não deseja optar pela nacionalidade francesa tem direito a conservar o seu estatuto de estrangeiro e pode também ficar em França no fim do contrato se possui documento de residência que lhe é atribuido.

5 - Será o regulamento da Legião Estrangeira muito mais constrangedor do que o regulamento do Exército francês ?

Não, o regulamento de disciplina geral vigorando nas unidades da Legião Estrangeira e nas demais unidades do Exército francês é idêntico. Apenas os estatutos do pessoal são diferentes. No entanto, o seu longo e glorioso passado, a sua experiência operacional mas também e sobremaneira o alto nível que caracterizam a Legião Estrangeira hoje determinam obrigações especificas.




6 - Quais são as obrigações específicas este corpo de elite ?

Uso do traje civil : Um legionário com cinco anos de serviço pode usar traje civil em qualquer lugar. Um legionário com menos de cinco anos de serviço tem de usar a farda dentro dos limites da guarnição.

Compra de um veiculo motorizado : É necessária uma carta de condução civil em conformidade com a categoria do veículo; ter cumprido no mínimo 5 anos de serviço e ser regularizado de situação militar (cf segunda resposta ).

Casamento : O legionário será autorizado a casar-se nas seguintes condições :
Prestar serviço com verdadeira identidade (cf segunda resposta );
Ser sargento (ou primeiro-cabo com mais de 7 anos de serviço ou ainda legionário de primeira classe [segundo-cabo] com 10 anos de serviço).

7 - Um legionário poderá durante suas ferias viajar ao estrangeiro ?

Sim, sob as seguintes condições :
Ter um documento de identidade do seu pais de origem;
Prestar serviço com identidade de nascimento (cf resposta segunda);
Obter autorização do Comando.
No entanto, algumas destinações sensíveis são sujeitadas a restrições de segurança.





8 - Haverá estruturas de acolhimento para os legionários desejando passar férias no território da França metropolitana ?

O legionário passando férias em França pode beneficiar de estruturas da Legião Estrangeira de « La Malmousque », localizadas em Marselha que o acolherá com ótimas condições deconforto.




9 - Pode-se alistar-se na Legião Estrangeira sem experiência militar ?

Muitos candidatos já prestaram serviço militar. No entanto, isso não constitui uma condição necessária pelo alistamento. Não é necessária experiência militar para candidatar-se nas fileiras da Legião Estrangeira.


10 - Terá um francês a possibilidade de alistar-se na Legião Estrangeira ?

Refer to the English version.

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Mais informações http://www.legion-recrute.com/pt/

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Curiosidades
http://pt.wikipedia.org/wiki/Legi%C3...geira_Francesa
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Old January 27th, 2012 #25
An30303
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É meu primeiro post, como o tema é importante achei válido poder opinar.

Só vi postarem informações unilaterais e positivas sobre a Legião estrangeira francesa, a "propaganda" que dão aos civis. Cade os relatos de ex-integrantes? Sabiam que o índice de insatisfeitos é bem alto na LE e esses fazem de tudo para conseguir sair antes dos 5 anos mínimos?

Até os anos 80, talvez um pouco dos anos 90, era de fato um ambiente sadio para gente pró-branca, mas isso mudou bastante. A mentalidade hoje da LE é "integracionismo racial". Gente de todas raças juntas para "aprender" o multiculturalismo, e outra, a quantidade de não-brancos é muito maior do que agente vê nestes vídeos antigos...
Um racista poderá ter alguns problemas se for identificado como tal, até sofrer bullying dos colegas e comandantes... o chefe máximo da frança é judeu e multiculturalista, Sarkozy, isso é uma tendência de cima a baixo na pirâmide de poder francês, será que ninguém enxerga isso?

Não querendo ser pessimista, mas entrar na LE hoje é muita besteira. Você entra idealista e sai desiludido. Há o risco de acabar servindo numa ex-colônia francesa, para ARRISCAR A VIDA POR GENTE NÃO-BRANCA, recebendo ordens de um negro folgado....Vale a pena mesmo?????
Alguns podem argumentar que "serve para aprender técnicas militares", não é bem assim... há uma grande chance de nem mesmo conhecer o cotidiano militar, de não ver um conflito armado, nem de aprender direito a manusear armas, equipamentos e carros, e sim passar anos limpando latrinas ou servindo no refeitório. Talvez com excessão do regimento de paraquedistas(que tive boas referências), as outras são igual a qualquer armada, não tem nada de "elite" como a propaganda diz. Exército francês está sucateado igual a maioria dos exércitos ocidentais...

Essa é a minha opinião. Se alguém estiver pensando em se alistar consulte o máximo possível de gente, de quem tentou se alistar, de quem saiu, de soldados ativos, etc. E então comparem as referências.
 
Old January 28th, 2012 #26
Henzo
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An30303,

É muito válido o que escreveu, é importante que pontos de vista opostos se encontrem na tentativa de chegar no bem comum. O consenso.
Pessoalmente sou um desertor da LE. Cheguei na França com meus 19 anos de idade cheio de sonhos e pretensões em relação a LE. Abandonei faculdade, casa e todo resto. Deixei tudo para segundo plano quando tomei a decisão de ir de cabeça em busca desse sonho. Nos primeiros dias eu me sentia o " "peixe-fora-d'água" ", com o tempo passando as coisas foram melhorando ***piorando dependendo do ponto de vista***. A França que eu imaginava nos meus sonhos não era a França que eu encontrei cheia de mestiços, arabes e pretos. Mas nem isso me fez desistir do que eu queria. Já na LE eu percebi que as pessoas brancas não eram o todo do local, havia todo tipo de gente, mas via-se muitos brancos. Depois de 19 meses na LE acabei percebendo que não queria mais aquilo. Com apenas 19 meses eu não poderia ser desligado da força e por isso decidi fugir. O que me fez tomar essa decisão foi a saudade da minha familia, " "apenas isso" ". Pouco me importava os não brancos que servem lá, eles existem em todos os lugares mesmo, não seria logo em uma unidade que aceita estrangeiros de qualquer nacionalidade, raça e etc que seria diferente. Você chegou a questionar onde é que estão os relatos dos ex-integrantes, mas saiba que esse informativo é escrito por um ex-integrante e eu sou um ex-integrante da LE.
Em momento algum alguém disse que a LE é a salvação da raça branca ou é o paraíso, o que esta nesta thread é apenas uma opção que pode ou não ser seguida por quem lêr esta thread. A escolha é pessoal, faz quem o quiser. Arriscar a vida? Fazemos isso todos os dias até pelo simples fato de estarmos vivos. O simples fato de se estar vivo esta colocando sua vida em risco, por isso o que acha de aprender algo nesse processo? Me diga um emprego onde não tem não brancos? Uma escola ou faculdade que não tenha não brancos? Seu relato é importante e serve como uma opinião diferente para aqueles que estão em dúvida em ir ou não ir. Recomendo a todos que lerem essa thread que leiam o que o An30303 escreveu e tirem suas próprias conclusões.
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Old January 28th, 2012 #27
An30303
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Pois é Henzo. Creio que sua mensagem me dá um pouco de razão pois até você, sendo um ex-LE, estava insatisfeito e desertou. Estes outros motivos também são importantes serem comentados. Não é nada fácil ficar distante dos familiares, entre outras frustrações, que só conhecemos até chegar num ambiente militar ou respectivo...
Eu também fui um jovem idealista(ainda sou em certos sentidos), com sonhos, ambições, que largou tudo para tentar me alistar, mas fui reprovado. E hoje até dou graças de ter sido assim pois eu provavelmente não ficaria também.

Sobre arriscar a vida e a convivência com não-brancos, acho que as situações são muito distintas para comparar. Num emprego urbano estamos expostos a riscos bem menores que aqueles da LE. Recordo de ter ouvido um relato de um legionário que perdeu a mão tentando remover uma mina na África, e outro que pegou malária, na guiana senão me engano. Além dos riscos comuns a qualquer pessoa(violência, queda, acidente de carro, doença hereditária, etc) somam-se vários novos riscos de vida, mas que não se justificam...riscos em prol de gente não-branca ou para um governo sionista anti-francês que coloca soldados como bucha de canhão em guerras tribais de não-brancos. E não usa suas forças armadas para defender os franceses e expulsar os tantos invasores que estão barbarizando dentro da própria França!

Num emprego comum se está "sobrevivendo" por si mesmo e pela sua família e de uma maneira razoável com um chefe ético e respeitoso(na maioria das vezes), e não batalhando em prol de outras raças, exposto a humilhações e a um "trabalho escravo" aonde para se demitir é preciso fugir.

Nos últimos anos diminuiu bastante o número de europeus ocidentais na LE(até dos próprios franceses autoctones), pois há condições melhores de trabalho em seus respectivos paises, penso eu.

Acho que não há mais nada para comentar no assunto, encerro aqui.
 
Old January 29th, 2012 #28
Henzo
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An30303, o que você disse é válido e deve ser levado em conta pelos outros que por acaso apareçam nessa thread. Mas a LE não deixa de ser uma opção real para aqueles que desejam morar e trabalhar na Europa. Além de aprender a combater.
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Old January 29th, 2012 #29
Henzo
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Eu curto Legião
Ele largou seu país, sua família e seu nome para arriscar a vida na Legião Estrangeira

http://revistatrip.uol.com.br/revist...-legiao.html#0

Uma brincadeira mudou a vida do paulistano Marcos Aristóteles Nascimento Santos. Ele era da aeronáutica e prestava serviço num quartel em Santana, São Paulo, quando um colegas desafiou: se vocês são soldados de verdade, se alistem na Legião Estrangeira. Lá, sim, a barra é pesada. E sacou um exemplar da edição 48 da Trip, de junho de 1996 (disponível no Google Books). Todos no batalhão leram a reportagem sobre o legionário Maurício Preuss. “Ficamos admirados com um brasileiro ter ido tão longe, e chocados ao ver que ele tinha apagado o passado e mudado de nome e nacionalidade. A foto com uma baioneta significava combate corpo a corpo. E era isso que eu queria.” Marcos leu o texto várias vezes.

Na reportagem, o também paulistano Maurício fez um relato sobre a preparação dos soldados da Legião, no qual deixa claro que os recrutas são tratados como bichos justamente para se tornarem bichos, cães ferozes prontos para matar ou morrer em nome da França. “Vi aqueles caras de boina verde, mal-encarados, tatuagens e pensei: ‘Tô entrando numa fria, só tem louco e bandido aqui’”, disse Maurício.

Mas nenhum obstáculo descrito por Maurício assustou Marcos. Aventura era o que ele buscava. Na época, mandou uma carta para o endereço da tropa em Paris, mas ficou sem resposta. Até que, numa manhã em 1998, quando estava na guarda da infantaria da aeronáutica, ao verificar a identificação de um visitante, levou um susto: “Ei, você é o cara da reportagem da Trip, o da Legião Estrangeira, não é?”.

Os dois engataram uma conversa e Maurício tentou desencorajar Marcos. Falou da mesmice no quartel, da vida dura, da pressão, das missões perigosas e que estava cansado daquela vida. Tanto que tinha dado baixa um mês antes. “Mas ele viu que não era fogo de palha e que eu queria mesmo ir para a Legião. Disse então que eu deveria me preparar para o pior e ir sozinho. Segundo ele, eu ia rezar para entrar e depois implorar pelo amor de Deus para sair.” Por fim, Maurício sugeriu que aprendesse francês e concluísse o serviço na aeronáutica antes de se alistar na Legião.

Marcos é o segundo de cinco filhos e foi o único que não quis fazer faculdade e seguiu carreira militar – contra a vontade da família. Na ditadura, seu pai, um técnico em eletrônica, e sua mãe, uma pedagoga, se envolveram com movimentos de esquerda e perderam amigos na luta armada. “Cresci ouvindo que os militares eram do mal, que eles torturam e matam”, conta o legionário. “Até hoje a minha família acha que eu sou doido.”

Policial da Rota
Em junho de 2002, após dar baixa na aeronáutica, Marcos se apresentou no quartel de Fort de Nogent, a meia hora de trem de Paris. A primeira pergunta que lhe fizeram foi se ele estava sendo procurado pela polícia. Depois, se era doido. De cada 25 candidatos, apenas um fica na Legião Estrangeira. Marcos teve a identidade trocada e virou Pedro Nunes, nascido em Fortaleza. Rasparam sua cabeça e o levaram para um alojamento com 500 homens. Foi informado de que, se sobrevivesse ali por quatro meses, estava dentro. Passou, então, a viver o terrível processo de seleção e de treinamento. Foi encaminhado para o cabo chefe, que mandou, em francês, que cada um dissesse seu número. Mas quase ninguém falava a língua, ficaram mudos. Irritado, o militar começou a dar socos na barriga de cada um até que começassem a contagem na língua desconhecida. Marcos levou porrada e achou que o agressor era “um alemão nazista”. De repente o mesmo oficial perguntou em francês se havia algum brasileiro ali. O sujeito era de São Paulo, ex-policial da Rota que fugiu do Brasil para não ser condenado pelo massacre do Carandiru, em 1993. Aconselhou: “Fica esperto, porra! Não vai fazer cagada aqui para eu passar vergonha como brasileiro!”. E o compatriota ficou. Acostumou-se com o fato de que o tratamento corriqueiro no treinamento é tapa na cara ou murro no estômago.


A reportagem da Trip que inspirou Marcos a entrar na Legião

Acostumou-se com o tratamento no treinamento: tapa na cara ou murro no estômago

No processo de seleção, todo dia, às 17h, os homens ouviam a lista dos que seriam mandados embora. Quem ficava lavava latrina e fazia serviços gerais, enquanto era avaliado física e psicologicamente. Num dos testes, os recrutas deveriam acompanhar os movimentos do instrutor. Mal sentavam para almoçar, cansados e famintos e, em 2 min, o oficial levantava. Todos tinham que deixar a comida que mal tocaram. Tal sadismo continua por toda a carreira e ajuda a explicar o elevado índice de problemas mentais e de suicídios na Legião. Em missão, num batalhão de 800 homens, pelo menos um se mata por semana.

O brasileiro chegou a desertar por uns dias, quando um oficial o impediu de viajar nas férias. Mais tarde, reapresentou-se com mais quatro colegas e, num caso raro, depois de alguns dias na cadeia, foi perdoado. Na cadeia do quartel, além de trabalho forçado, corre-se 5 km por dia com uma mochila de 40 kg de pedras. “Todo mundo pega cadeia. É tanta regra que é impossível não violar uma.” Marcos não podia ter contato com o mundo externo. “Os franceses consideram os legionários mercenários, assassinos, e discriminam mesmo. Não deixam nem a gente entrar nos bares.” O sexo fica restrito aos prostíbulos que a Legião arma onde atua. Na África, por causa do alto índice de contaminação pelo HIV, as mulheres são previamente examinadas.

Quer matar quanto?
Como queria mesmo combater, Marcos “deu sorte”. Desde setembro de 2001, o mundo estava em guerra contra o terrorismo e ele seria útil. As missões no estrangeiro duram de quatro meses a dois anos e o soldo de 1,5 mil euros chega a triplicar. O brasileiro fez seu batismo de fogo como piloto de blindado ligeiro em janeiro de 2004, para impedir a tomada da capital da Costa do Marfim por rebeldes.


Treinamento para desarmar bombas no Afeganistão

Falar quantos já matou é delicado para um legionário. “Ali não há ética nem valor de humanidade. Mata-se para impressionar o inimigo. Queríamos impedir que grupos armados entrassem em vilas e matassem pessoas.” Seu grupo, por exemplo, capturou um sujeito que tinha acabado de cortar a cabeça de uma menina de 12 anos e que estava prestes a matar o irmão dela, de 5 anos. Numa das missões, Marcos deparou com uma barricada formada por cabeças humanas que tinham sido arrancadas a facão. “Os africanos não entendem as fronteiras que os brancos fizeram para delimitar países. Compreendem, sim, que existem clãs e etnias inimigas que precisam ser destruídas.”

A parada seguinte foi em Kosovo, como parte das tropas da Otan, para defender um povo “que ninguém quer”. Mas foi no Afeganistão que ele aprendeu o quanto os africanos eram “fáceis” de ser combatidos em comparação com os guerrilheiros talibãs. Naquele país cumpriu três longas e arriscadas missões em 2004, 2006 e 2007. “Os afegãos desafiam limites. Por meio de celular, explodem um burro que carrega explosivos.”

Num batalhão de 800 homens em missão, pelo menos um se mata por semana

E por que lutar por outra nação? Marcos responde rápido: acredita lutar pela paz, para evitar um mal maior. “Me sinto útil porque a Legião atua para evitar ou acabar com guerras. Mas não sou ingênuo de não saber que, por trás, há interesses econômicos da França e de seus aliados.”

Sua nova missão começou em julho, no Djibouti, no norte da África, onde ficará por dois anos num lugar onde a temperatura pode chegar a 52o. Lá treina mil homens que lutarão na Costa do Marfim. Além dos confrontos nas zonas de combate, existe em Marcos uma outra guerra, consigo mesmo, para um dia deixar a Legião sem ter sucumbido à loucura que o cerca por todos os lados.


Já na Legião, desembarcando no Djibouti
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Old January 29th, 2012 #30
Henzo
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Coloquei a reportagem da Trip (acima) com esse mulato na LE apenas para ilustrar o tópico.

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Brasileiro conta como conseguiu fugir da Legião Estrangeira

Ex-legionário Cléber Pedrosa fugiu de campo de treinamento em Marselha.
Hoje ele é soldado da PM e pastor evangélico no Distrito Federal.

http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/...9-5598,00.html

O soldado da Polícia Militar e pastor evangélico Cléber Pedrosa, 37 anos, viveu momentos difíceis na Legião Estrangeira, em 2000, e se identificou com o caso do soldado brasileiro Josafá de Moura Pereira, acusado de matar quatro pessoas em Chade, na África, em 7 de abril deste ano. Deixando de lado as mortes -que nunca cometeu no período de 55 dias em que ficou na corporação internacional -, Pedrosa disse ao G1 que se iludiu com a expectativa de vida de um legionário e relatou casos de uso de drogas, consumo excessivo de bebida alcoólica e ameaça de morte na corporação controlada pelo governo francês.

Pedrosa é filho de um sargento reformado do Exército, teve formação educacional em escola militar no Distrito Federal e já fez parte do Corpo de Bombeiros. “Toda pessoa que tem algum histórico militar ouve histórias e tem interesse de conhecer de perto como é a Legião Estrangeira. Comigo não foi diferente”, disse o ex-legionário.

Ele afirmou que já atuava como soldado da Polícia Militar do Distrito Federal havia cinco anos, quando pediu para um procurador dar baixa da corporação. Este já seria o início do processo para deixar o país e seguir para o anonimato no exército internacional, em março de 2000. “Tinha uma série de problemas familiares e também tinha acabado um relacionamento.”

Uma filha, com cerca de dois anos, e um recém-nascido foram deixados para trás pelo soldado brasileiro, que tinha 29 anos quando atravessou o oceano para desembarcar na França. “No quartel, recebi o nome de batismo na corporação: Luis Planthy. Tive pouco tempo para decorar meu novo nome e também o nome de meus ‘novos pais’ e me acostumar com a ideia de ser um cidadão francês “, disse Pedroza.

Bucha de canhão

Como Luis Planthy, o brasileiro lavou roupas, pintou o quartel e ainda limpou o mato do prédio. Durante uma semana, ele esperou os demais homens que integrariam posteriormente o seu "pelotão". Aos poucos, ele percebeu que teria dificuldades de permanência na corporação. "Logo de cara eu fui proibido de usar um crucifixo. Eles alegaram que, na Legião Estrangeira, a religião era o companheiro de front. Nada mais", disse o ex-legionário.

Ele disse que seguiu para Marselha (França), onde continuou o processo de seleção. "Fiz avaliações física, mental, médica, psicotécnica e ainda passei por uma entrevista com o comandante. Fui aprovado e recebi meu enxoval completo", disse.

Os próximos 20 dias seriam de treinamento de campo, com caminhadas que poderiam chegar a 30 quilômetros na mata, em dois dias. "Fizemos treinamento de tiro com fuzil e pistola e uso de granadas. Aprendemos a falar um pouco de francês na marra. Foi aí que a ficha caiu", disse Planthy.

O brasileiro afirmou que percebeu que estava sendo treinado para morrer. "Éramos como bucha de canhão. Eu já tinha experiência militar e tinha uma visão mais aprimorada sobre o que estava acontecendo. Nós seríamos enviados para o front de batalhas e de guerras. Seríamos descartáveis e, então, pedi para sair."

Luis Planthy queria voltar a ser Cleber Pedroza, mas isso não foi possível mesmo após a primeira tentativa de fuga. Ele aproveitou uma comemoração típica dos militares franceses e escapou quando o quartel foi aberto à visitação. "Consegui roupas civis, mas ainda estava com o coturno da Legião, além da cabeça raspada. Fui capturado por policiais rodoviários franceses em uma estrada. Fiquei preso por uma semana."

Ameaça de morte, drogas e bebidas

Depois de cumprir a punição pela tentativa de fuga, Planthy percebeu que voltar a ter a identidade brasileira seria mais difícil do que imaginava. Ele conseguiu escapar, após pular a cerca do quartel, em 17 de maio de 2000. "Um dos meus comandantes ameaçou cortar meu pescoço se tentasse fugir de novo. Antes de fugir, vi um ucraniano ser preso por consumir maconha no quartel. O consumo de bebida alcoólica entre os legionários é bastante grande também. Tudo isso acaba em prostituição. Muito homem junto e longe da família acaba nisso", disse o então cidadão francês.

Planthy seguiu para a Espanha, onde consegui ajuda de um cubano, em 18 de maio daquele ano. "Ele me ajudou com dinheiro para arrumar meus documentos. Procurei a Embaixada Brasileira na França, onde consegui autorização para voltar ao Brasil. Não informei que era fugitivo da Legião. Sai da França trazendo apenas uma cicatriz de um ferimento no meu punho". Luis Planthy voltou a ser Cleber Pedrosa.

Da deserção ao evangelho

Assim que chegou ao Brasil, Pedrosa se apresentou ao comando da Polícia Militar do Distrito Federal, onde ficou preso por deserção durante um ano. "O meu processo de reintegração à corporação demorou dois anos. Por sorte, quando estava em Marselha, consegui ligar para o Brasil e pedir para meu procurador não seguir com o pedido de baixa na corporação militar", disse o ex-legionário.

Ele se casou com a antiga namorada, que não é a mãe de seus dois filhos, em 2002. "Ela me contava que eu tive pesadelos horríveis durante os três primeiros dias no Brasil", disse Pedroza.

Hoje, além de seguir na Polícia Militar, ele atua como pastor evangélico da Igreja Rosa de Sharon. "Todos que me conhecem, sabem de minha história. Já fui procurado por um ex-militar do Expército brasileiro para saber como entrar na Legião. Consegui fazê-lo desistir da ideia."

Sobre o caso do brasileiro Josafá, Pedroza disse que acredita que o legionário esteja passando por um momento de estresse. "Nós, que somos militares, costumamos brincar no limite extremo das pessoas. Ele deve estar passando dificuldades com o calor e com a atuação da Legião em Chade. Infelizmente aconteceu isso. Espero que ele esteja bem".

Outro lado

A Embaixada da França no Brasil foi procurada pelo G1 para comentar a participação de brasileiros na Legião Estrangeira, mas a assessoria de imprensa disse que não teria informações para passar, recomendando apenas dois endereços na web para obter dados sobre a corporação francesa.


Cléber Pedrosa se alistou na Legião Estrangeira em 2000 e fugiu da corporação quando estava em Marselha, em Paris (Foto: Arquivo Pessoal/Cléber Pedrosa)
=>Foto do negro que desertou da LE
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Old January 29th, 2012 #31
Sebastianus
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Confesso que uma das razões porque não tenho mais posts publicados aqui no VNN é porque me acontece frequentemente escrever longos textos e na altura que carrego no "submit reply" o sistema já fez o meu log out e acabo por perder tudo o que escrevi antes...fico profundamente irritado, mas isso é outra questão, só um desabafo.

Henzo, muito interessante os teus relatos sobre a Legião, imagino que a tua fuga tenha sido um aventura. Como fica a situação dos desertores relativamente ao estado Francês ? Podes regressar ao país? Existe alguma pena a cumprir ou algum tipo de inibição de direitos que isso acarrete?

Compreendo perfeitamente a tua decepção com a França, país que conheço bem e está muito invandido, principalmente nas grandes cidades, nas cidades mais pequenas ainda é possivel levar uma vida tradicional francesa, respirar a cultura, os castelos a gastronomia etc.

Pelo menos os franceses estão de alguma forma a reagir a essa colonização e a FN está com boa expressão politica (não a suficiente mas tem subido com a nova liderança da Marine), a Inglaterra por exemplo está actualmente pior, ainda é mais invadido que a França mas não tem nenhuma força politica anti-imigração que seja forte, receio que a Inglaterra seja um caso perdido o seu povo já deveria ter reagido à muito mais tempo, já é tarde demais tem 10 milhões de não-brancos sem contar com os ilegais além da taxa de relações interaciais mais alta da Europa, deixará de ser uma Nação e se tornará um país mestiço.

Eu deixaria apenas uma outra questão, não é possível aos brasileiros que tenham obtido nacionalidade europeia por via do Jus Sanguinis (sua ascendência), integrar as forças militares desses países europeus? Eu creio que não existe restrições nesse sentido e pode ser uma alternativa à Legião Estrangeira.

Saudações
 
Old January 29th, 2012 #32
Henzo
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Sebastianus, o fato que você narrou do " "log out" " inesperado acontece comigo as vezes mas não somente no VNN, no SF e em outros sites também. Resolvi esse problema com duas coisas simples que foi marcar o " "Remember Me?" " quando faço " "log in" " ou quando não estou usando o computador pessoal eu salvo o que eu escrevi antes de apertar " "submit reply" ". Tente utilizar umas dessas dícas ou as duas quando for postar em fórums.

Quote:
Como fica a situação dos desertores relativamente ao estado Francês ? Podes regressar ao país? Existe alguma pena a cumprir ou algum tipo de inibição de direitos que isso acarrete?
Sou um desertor na França, e caso eu regresse eu poderei preso por deserção. Sou impedido de ir em paises que fazem parte da União Européia por esse motivo. Dei bobeira de ter utilizado meu nome verdadeiro quando me alistei, mas agora não adianta reclamar.
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Old January 31st, 2012 #33
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Mercenários brasileiros na Legião Estrangeira
http://diplo.org.br/2008-05,a2267

Atraídos por salários, a chance de apagar o passado e aventuras, dezenas de brazucas alistam-se, todos os anos, no legendário exército de aluguel francês. Nossa repórter conseguiu deles revelações sobre a condição de soldados de um pátria alheia, em missões cujo sentido desconhecem

Brasileiros jovens estão pondo a mochila nas costas e deixando o país para se alistar na Legião Estrangeira — unidade de elite do exército francês, composta por cerca de 7 mil estrangeiros de mais de 130 nacionalidades diferentes. Estima-se que pelo menos cem brasileiros são contratados a cada ano pelo legendário exército que defende os interesses da França mundo afora, sobretudo em áreas conflituosas.

O número exato de brasileiros não é divulgado pela Legião Estrangeira. Porém, de uns cinco anos para cá, a procura tem aumentado, mesmo sabendo que ao vender seus serviços para a França estão se expondo a riscos de morte.

Medo parece não ser problema para os brasileiros e, muito menos, para outros estrangeiros. Todos os anos, mais de 5 mil candidatos do mundo inteiro batem à porta desta composição militar. Mas somente cerca de 800 deles conseguem dar conta de passar pela bateria intensiva de testes físicos e psicotécnicos.

Essas informações são dos próprios legionários, entre os quais o brasileiro Marcos dos Santos, 32 anos. Natural de Itapira (SP), ele serve, há três anos, no 2º Regimento Estrangeiro de Pára-quedistas (REP) — tropa considerada crème de la crème da Legião — em Calvi, cidade na ilha da Córsega. Segundo ele, não são os polpudos salários (que vão de 1,5 mil euros até mais de 5 mil para quem prossegue na carreira), e sim o espírito de aventura, que move a maioria dos soldados. Muitos deles parecem, também, ser guiados por um velho slogan da Legião ainda em voga: "chance de mudar de vida, qualquer que seja a origem, nacionalidade, religião, diplomas, nível escolar, situação familiar ou profissional".
Nenhum candidato é obrigado a fornecer a verdadeira identidade. Incorporado, o legionário passa a ser uma "pessoa não-civil", alguém que não existe juridicamente para o mundo

Mesmo nos dias atuais, o engajamento na Legião ainda é envolto em lendas e controvérsias. Ao se alistar, o candidato não é obrigado a fornecer a verdadeira identidade e nem relatar nada do que já viveu. Ele tem o anonimato assegurado e é protegido de qualquer ingerência relativa ao seu passado, graças a um decreto-lei francês de 1911. O legionário é juridicamente uma "pessoa não-civil", ou seja, por ser portador de uma identidade fictícia, não existe de fato. Por conseguinte, não pode se casar, nem tirar carteira de motorista, nem comprar imóveis ou veículos. Em suma, o soldado só existe para a Legião Estrangeira. Independente do estado civil, ele é considerado solteiro e sem vínculos familiares. Salvo em raríssimas exceções, ele pode obter a real identidade antes do término do contrato.

Engajados por um período compulsório de cinco anos, sem nenhum direito a desistência antes do prazo, os legionários estão sujeitos a uma disciplina severa dentro e fora da caserna. Prisão por deserção, tolerância zero para toda e qualquer falta, tratamento rude — "na porrada" mesmo, segundo Santos. Essas são só algumas das condições aceitas sem pestanejar por estrangeiros que salvaguardam os interesses de uma das sete potências mundiais e que cumprem sem titubear as letras miúdas do contrato. Esse, diga-se de passagem, é assinado logo de cara, na primeira semana, mesmo por aqueles que não falam uma só palavra da língua francesa. "Assinamos um papel atrás do outro, sem tradutor nem nada. A gente entrega a vida para eles no ato", afirmou Santos.

Uma investigação minuciosa impede o recrutamento de condenados por crimes comuns, apesar de que "delitos leves" são relevados. Não existe, no entanto, definição do que a Legião Estrangeira entende por delitos de pouca importância. Pelo código da unidade, terroristas e demais criminosos procurados pela Interpol não são aceitos em nenhuma hipótese.
Asiáticos, europeus do leste e latino-americanos (com destaque para os brasileiros) somam 70% da Legião Estrangeira. Franceses mesmo, só 19%

A maior parte dos legionários, cerca de 70%, vem de países que não falam francês. Em 2005, dos 900 novos engajados, 32% eram de eslavos provenientes do Leste europeu, sobretudo da Romênia, Rússia e ex-repúblicas soviéticas. Em seguida, vieram os latino-americanos, 24,5%, com destaque disparado para o Brasil. Soldados de nacionalidade francesa ou originários de ex-colônias somaram 19%. Os asiáticos, especialmente os chineses, são numerosos.

Além dos benefícios trabalhistas, sociais (férias, seguro-saúde e conta em banco, por exemplo) e toda a documentação concedida por um país conhecido por respeitar os direitos do homem, eles ainda podem requerer a cidadania francesa ao cabo dos cinco anos de serviço. O direito é assegurado por lei, bastando para isso apresentar um atestado de boa conduta expedido por um comandante da Legião Estrangeira às autoridades competentes.

Os legionários recebem seus vencimentos quase que totalmente livres de despesas. As refeições feitas no quartel são gratuitas de segunda a sexta-feira, e nos finais de semana pagas à parte (cerca de 4 euros – cerca de 10 reais). Aos salários iniciais, em torno de mil euros para quem serve no continente e de 1,5 mil para os alojados na ilha da Córsega, juntam-se os prêmios e bonificações pagos, quando os soldados partem em missões fora do território francês. Conforme o caso, os soldos podem até triplicar.

A reportagem tentou por diversas vezes contato por telefone e email com um dos quartéis da Legião Estrangeira na região de Paris, mas não foi atendida.

Desde que ingressou nas fileiras da Legião Estrangeira, em maio de 2005, o ex-piloto de helicóptero Marcos dos Santos já partiu em missões de prevenção em países como o Djibuti e Costa do Marfim (na África), e Nova Caledônia, possessão francesa na Oceania. Segundo Santos, os legionários recebem as instruções sobre o que vão fazer poucos dias antes do embarque. As missões duram de três a quatro meses.
Viajar sem conhecer o país de destino, os problemas lá vividos ou os interesses da França no local não é problema. "Somos mercenários", afirma legionário brasileiro

Santos disse que o fato de viajar às cegas, sem conhecer com detalhes os problemas políticos e sociais dos países para onde é mandado, sem entender bem porque a França envia tropas para lá, fere sua ética, mas não chega a lhe tirar o sono, e pelo jeito nem o bom humor. "Somos mercenários, esqueceu?", comentou, rindo.

Santos deixou uma vida financeira e profissional estável no Brasil e desembarcou no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, indo direto ao quartel Fort Nogent, em Fontenay sous Bois, cidade na periferia leste da capital francesa. Tinha a frase em francês decorada na ponta da língua: "Eu quero me alistar na Legião Estrangeira". Ele passou por exames médicos e psicotécnicos durante uma semana. "Eles querem ver se o sujeito é muito retardado", satirizou.

Na Legião, Santos, divorciado e pai de um menino de oito anos, teve mantida a nacionalidade brasileira, mas ganhou outra identidade: Roberto da Silva, literalmente seu nome de guerra. Depois da pré-seleção, foi levado para o quartel de Castelnaudary, na cidade de Aubagne, sul da França, onde ficou quatro meses sendo submetido, continuamente, a uma série de rigorosos testes físicos e psicológicos.

O legionário disse que a experiência em Aubagne beirou os limites do suportável. Conforme Santos, quem não tem muita estrutura emocional "bate os pinos cedo". A pressão a que são submetidos é intensa, relatou. "Assim que chega, a gente é obrigado a aprender os hinos e o código de honra da Legião em francês, repetindo as frases como papagaio, sem saber o que está cantando, como numa lavagem cerebral. E debaixo de pontapé". Santos contou também que o candidato que não decora direito as letras do hinário é obrigado a passar a noite fazendo flexões e lavando banheiro.
Nos finais de semana, folga e direito de ir à cidade. Mas nada de discotecas, baladas com mulheres ou bares mal-afamados. "Somos controlados. Temos que ter um comportamento exemplar"

Dono de uma saúde perfeita, Santos pôde se dar ao luxo de escolher onde iria servir na Legião. E ele escolheu justamente o regimento mais difícil — o dos paraquedistas, os mais expostos em situações de combate. "Eu sabia que era ralação, mas quis assim mesmo. Por aventura. Verdade mesmo", garantiu, sério.

A rotina na ilha da Córsega, contou Santos, se resume a fazer faxina, cuidar das fardas, lustrar botas, praticar exercícios físicos e estar sempre "ligado", pronto para ser chamado a qualquer hora do dia ou da noite. Nos finais de semana, impecavelmente uniformizados, os legionários são liberados para ir à cidade, apesar de que nem tudo o que diz respeito à vida mundana é permitido. Nada de discoteca, de baladas com mulheres ou bares mal afamados. "Somos controlados. Temos que ter um comportamento exemplar", acrescentou.

Ainda que convicto do que faz, Santos não recomenda a ninguém o alistamento. "Não me arrependo. Queria conhecer o mundo, me aventurar. Ninguém morre antes da hora. O que não posso fazer é enganar os que querem vir, dizer que isso aqui é fácil. Eu mesmo não sei te falar se vou agüentar até o fim. Tem uns caras que não suportam e caem fora", alertou. O legionário disse que não sabe se vai pedir a cidadania francesa. "Não faço planos", concluiu.

Caso fique até o final do contrato, que termina em dois anos, Santos pode trazer para casa, por baixo, mais de 50 mil euros. Para isso, além de economizar, ele ainda tem que sair ileso de missões em países como o Gabão, Afeganistão, Kosovo ou qualquer outro lugar do mundo onde estoure um conflito que afete a França.

Lêia mais:

Gaúcho pretende seguir carreira
Ex-sargento do exército brasileiro, Luís da Costa, já lutou pelos interesses da França em dois países africanos
http://diplo.org.br/2008-05,a2268

Legionários são heróis na França Desde 1831, quando o exército mercenário foi criado pelo rei Luís Felipe, mais de 35 mil de seus membros já morreram, em dezenas de batalhas mundo afora
http://diplo.org.br/2008-05,a2269
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Old January 31st, 2012 #34
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Brasileiro disse que sofria 'pressão psicológica' na Legião Estrangeira

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noti...erfil_cq.shtml


Soldados da Legião Estrangeira no Chade, onde servia o brasileiro

O soldado brasileiro Josafá de Moura da Silva Pereira, acusado de ter assassinado quatro pessoas em Abéché, leste do Chade, no início do mês, afirmou, em entrevista exclusiva e inédita concedida à BBC Brasil no ano passado, que sofria grande pressão psicológica no período em que serviu na Legião Estrangeira do Exército francês.

Pereira é acusado de ter matado, no dia 7 de abril, dois legionários, um soldado togolês e um camponês chadiano, no que foi classificado pelo Exército francês como "um acesso de loucura".

Ele integrava o 2º regimento estrangeiro de infantaria da Legião, e estava em missão no país africano com a força de intervenção rápida da Eufor, da União Europeia.

O brasileiro foi detido no dia 9 de abril pela polícia militar do Chade, e, na última sexta-feira, foi indiciado e teve sua prisão preventiva decretada pelo Tribunal das Forças Armadas de Paris.

Leia também na BBC Brasil: Legionário brasileiro tem prisão preventiva decretada na França

Ele foi entrevistado no ano passado em uma reportagem sobre o aumento do número de brasileiros na Legião Estrangeira Francesa.

Pressão

Na ocasião da entrevista, Pereira, cujo nome de legionário era Paulo da Silva (os recrutas recebem uma nova identidade ao ingressarem no Exército francês) afirmou ter sofrido "humilhações" nos primeiros meses que passou na Legião, mas disse que "o pior já havia passado".

Para ele, o treinamento inicial, de quatro meses, é a fase mais difícil.

"O recruta fica isolado em Castelnaudary (cidade onde se localiza o 4º regimento da Legião), é proibido até telefonar", disse.

"O mais difícil é suportar a pressão psicológica, os soldados colocam muita pressão por qualquer erro, se o armário não está bem arrumado, se você ultrapassa o tempo de 1 minuto no banho... Você dorme pouco, acorda cedo, come rápido, é tudo na pressão".

Segundo ele, uma das maneiras de pressão era fazer com que todos os outros pagassem pelo atraso de um recruta.

"Eles te humilham. Se você chega atrasado, tem 5 minutos para trocar de roupa de esporte para a farda, e, enquanto, isso todo mundo fica fazendo flexão. Se você cantar mal (os hinos do grupo), eles fazem todo mundo correr e repetir os hinos por várias horas, até cantarem perfeitamente".

Pereira, que à época da entrevista afirmou ter pensado em desistir (ele posteriormente tentaria desertar), disse, no entanto, que "o pior havia passado".

"Teve épocas em que eu pensava em desistir, tem muito desertor. Mas depois que você se torna rouge (soldado) fica mais fácil, você fica tomando conta dos outros. Eles são bem rígidos, como no Brasil também é assim".

De motoboy a legionáro

Pereira se alistou na Legião Estrangeira francesa em fevereiro de 2007, após ter tentado por duas vezes entrar nas Forças Armadas brasileiras.

"Sempre tive vontade de ser militar, era meu sonho desde pequeno", disse na ocasião.

"Não servi o Exército porque fui dispensado por excesso de contingente em São Paulo. Depois, também tentei fazer teste para a Marinha, mas não consegui passar. Quando fui dispensado conheci a Legião e, como gosto de aventura, sair para missões, viajar, resolvi me alistar, porque a Legião é um lugar em que você viaja muito", afirmou à BBC Brasil.

Criado em Santo André, em São Paulo, ele contou que trabalhou em diversas áreas antes de ir para a França.

"Fiz várias coisas na vida. Já fui motoboy, trabalhei na construção civil e fui motorista".

Ele entrou em contato com a Legião através do irmão Jeremias, que também faz parte do Exército francês.

O brasileiro afirmou que precisou vender o computador para comprar a passagem de avião, e chegou a Paris sem falar nenhuma palavra de francês.

"Fui aprender um pouco com a convivência na Legião", disse.

Rotina

Na ocasião da entrevista, o brasileiro estava no quartel de Nîmes, no sul da França.

Ele contou que sua rotina começava às 5h30 junto com os outros soldados para estarem prontos para a revista, pontualmente às 6h.

Depois, os primeiros serviços eram distribuídos - "os mais novos pegam os serviços mais pesados" - como fazer guarda, faxina, cuidar das armas, organizar os escritórios administrativos ou cozinhar para a tropa.

"Isso é quando não temos instrução ou treinamento", disse à BBC Brasil. "Passei duas semanas em outro regimento fazendo demonstração de combate urbano".

Segundo ele, o trabalho mais pesado era fazer guarda à frente do quartel durante 24 horas. "Não pode ter marca nenhuma na roupa, tem que se vestir bem".

No final do dia, contou, havia algumas horas de esporte: futebol, vôlei ou corrida.

Na época da entrevista, ele disse que estava ansioso para ir para Djibuti, na África, de onde tentaria desertar meses mais tarde, na sua primeira infração disciplinar às normas da Legião.

Soldado exemplar

Na opinião de outros legionários brasileiros, Pereira era um bom colega.

"Eu tive a chance de conhecê-lo em Nîmes quando estive lá. De baixa estatura, tinha pouco tempo de serviço, mas era querido pelos colegas brasileiros", escreveu um legionário sobre ele.

Já João Rafael Tirabassi, que ingressou em 2007 e está afastado da Legião, diz que o considerava um "soldado exemplar".

"Ele era evangélico, orava sempre. Não faltava em serviço, respeitava os superiores, mantinha sempre seu fardamento limpo e bem passado, e não reclamava de nada", disse Tirabassi.
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Old January 31st, 2012 #35
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Soldado brasileiro da Legião Estrangeira morre na França

http://www.dgabc.com.br/News/5912144...na-franca.aspx

Soldado brasileiro da Legião Estrangeira do Exército Francês, Josafá de Moura Pereira, 28 anos, morreu dia 30 de agosto em Paris, na França. Os familiares do jovem, que moram em Santo André, disseram ainda não saber as causas da morte e esperam receber o corpo do soldado na semana que vem.

Pereira é acusado de matar dois colegas de farda, um soldado das forças de paz da Organização das Nações Unidas e um camponês no Chade, na África, em abril de 2009, durante período em que esteve em missão.

Dias depois dos crimes, em entrevista ao Diário, familiares contaram que o soldado fez contato telefônico com uma das irmãs no Grande ABC e alegou ter agido em legítima defesa.

Pereira disse que estava sendo perseguido pelos soldados, foi agredido e atirou contra os três para não morrer. Na fuga, matou um camponês, que o teria enganado em uma troca comercial, e também o atacou.

Depois de vagar pelo deserto por dois dias, sem água ou comida, o soldado foi capturado a dez quilômetros da cidade onde os crimes ocorreram. Transferido para Paris, na França, foi mantido em regime fechado dentro de base militar.

Segundo familiares, em 30 de agosto, Pereira foi levado da base para um hospital, onde teria morrido quatro horas após dar entrada na unidade de Saúde. A causa mortis do soldado ainda não teria sido determinada.

De Santo André, os parentes do soldado têm recebido informações de Jeremias, irmão de Josafá, e também legionário. A expectativa é de que o corpo chegue ao Brasil semana que vem.
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Old January 31st, 2012 #36
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Cresce número de brasileiros na Legião Estrangeira

http://www.bbc.co.uk/portuguese/repo...geira_nv.shtml


O Brasil é o país latino-americano com mais recrutas na Legião

O número de brasileiros que se alistam na Legião Estrangeira, corpo do exército francês formado apenas por estrangeiros, tem aumentado nos últimos anos. São, na maioria, ex-militares descontentes com as condições das Forças Armadas no Brasil.

Segundo dados do próprio exército francês, em 2005 havia cerca de 155 brasileiros na Legião, formando 2% do total de 7.699 soldados. Em 2007, o número subiu para cerca de 230 – um aumento de 50%.

A Legião Estrangeira é considerada como um corpo de elite do exército francês. É conhecida pela sua ação de guerra rápida e eficaz.

"É uma tropa formada por jovens estrangeiros, que na maioria passaram por dificuldades em seus países. Nesse sentido, são soldados mais 'durões'", disse à BBC Brasil o tenente-coronel Christian Rascle, responsável pelo setor de comunicação.

"Além disso, oficialmente, todos são solteiros e, portanto, é uma unidade que pode ser deslocada mais rapidamente para missões operacionais. E claro, o fato de serem soldados estrangeiros profissionais também é interessante para a França do ponto de vista político", afirmou o tenente-coronel.

Candidatos

Qualquer homem estrangeiro pode se alistar, desde que tenha entre entre 17 a 40 anos e um documento de identidade válido. Não é preciso nem mesmo falar francês, e o alistamento é feito em 11 escritórios em toda a França.

A cada ano, cerca de 7 mil candidatos de 150 países diferentes se alistam. Depois da pesada bateria de testes, apenas mil são aceitos.

O Brasil é o país latino-americano com mais recrutas. Somente em 2007, cerca de 50 brasileiros foram aceitos - um em cada 20 novos recrutas. A grande maioria vem das regiões Norte e Nordeste do país.

"Os brasileiros são geralmente considerados bons recrutas porque na maior parte são corajosos, além de serem muito motivados", disse Rascle. Segundo ele, o número de brasileiros que se torna sub-oficiciais cresceu, o que demonstra um sinal de confiança da Legião com relação à comunidade.

Os legionários brasileiros são, na maioria, jovens entre 23 e 36 anos que prestaram o serviço militar obrigatório ou que deixaram as Forças Armadas para tentar uma carreira militar no exterior.

A Legião Estrangeira não divulga números exatos porque em alguns países é proibido o alistamento de cidadãos nacionais no exterior. Segundo o Ministério da Defesa, este não é o caso do Brasil.

Motivação

Um dos fatores que colaboraram para o aumento da procura de brasileiros foi o a avanço da internet no país.

O site oficial da Legião Estrangeira traz explicações detalhadas sobre o alistamento em 14 línguas, inclusive em português. E no Orkut, rede de relacionamento pela internet, já são mais de 20 as comunidades onde aspirantes e ex-legionários podem trocar informações. A maior delas tem mais de 2,5 mil membros. O mediador, Luiz Camões, diz receber em média dez e-mails por semana.

"Os maiores incentivos para esses jovens são a aventura, o salário superior ao do exército brasileiro, a idéia de que vão poder combater e a possibilidade de virar um cidadão francês ou receber visto permanente", disse Camões à BBC Brasil.

Depois de 3 anos de serviço, os legionários têm direito a residência na França e à nacionalidade francesa. Outro grande incentivo é o salário: o vencimento inicial é de cerca de 1 mil euros (R$ 2,7 mil), podendo chegar a mais de R$ 3,7 mil no primeiro ano. No Brasil, o soldo de um recruta é R$ 207 e o de soldado, marinheiro ou fuzileiro naval pode chegar a R$ 741.

Mas a maior motivação para os ex-militares brasileiros é a falta de perspectiva na carreira militar dentro do país. Eduardo Vidali, de 27 anos, diz que decidiu fazer a prova da Legião Estrangeira depois de ser "botado na rua" pelo Exército brasileiro.

"Fui voluntário. Sempre gostei das Forças Armadas. Queria usar o uniforme verde-oliva do meu país", disse Vidali à BBC Brasil.

Depois de prestar o serviço militar obrigatório em Jundiaí, Vidali foi contratado como militar temporário e passou a trabalhar para o Exército. Chegou a ser promovido a cabo, mas depois de 7 anos, de acordo com a lei, seu contrato não podia mais ser renovado. "Depois de tudo isso foi simplesmente 'adeus, até mais'".

Já o carioca Marcelo, de 36 anos, oficial do 2º Regimento de Pára-Quedistas da Legião Estrangeira, conta que sentiu sua carreira ser prejudicada porque a gratificação adicional de pára-quedistas foi cortada.

"Além disso, acabaram os cursos de comandos, de salto livre, então não me senti motivado a continuar lá. O salário era muito baixo, eu sabia que ia ganhar bem mais estando do lado de fora."


Marcelo diz que preferia usar a bandeira brasileira no braço

No exército francês há 3 anos, Marcelo conta que outro grande atrativo é a estrutura, muito superior na Legião. "No Brasil faltam recursos financeiros, bons equipamentos", afirmou à BBC Brasil.

Ele diz que gostaria de estar servindo o seu próprio país. "Eu prefiria estar com a bandeira do Brasil aqui no braço, mas infelizmente quem me deu a oportunidade de continuar a minha carreira, de fazer o que eu gosto, foi a França. Minha missão agora é lutar pelo Exército francês. Se o Brasil me chamasse eu voltava, largava a Legião. Mas infelizmente isso não vai acontecer", disse.

Ex-legionário

Já o sargento-chefe Fausto Camilo da Silva, de 40 anos, recém-aposentado da Legião, disse à BBC Brasil que se sente "um pouco francês" depois 18 anos de serviço. Apesar de sempre ter sonhado em ser miltar brasileiro, ele abandonou a carreira por causa do baixo salário.

Durante todos esses anos, Fausto participou de algumas das missões mais importantes das Forças Armadas da França. Ele integrou a equipe responsável pelo resgate de cidadãos franceses no Chade e em Ruanda em 1990, durante o conflito entre Tutsis e e Hutus; apoiou a ocupação americana à Somália em 1993; e no Kosovo fez parte de uma missão de manutenção de paz sob a bandeira da Otan em 2001.


Camilo participou de missões em Ruanda e no Kosovo

"Ficamos 19 dias em Ruanda", ele lembra. "O país estava em guerra civil e os rebeldes estavam avaçando na capital. Fizemos um pouso de assalto e tomamos o aeroporto. Dali, partimos para tomar outras posições estratégicas na cidade, como a embaixada francesa e uma escola francesa, onde reunimos todos os cidadãos franceses e outros europeus que quisessem sair. Foi uma operação muito bem-sucedida."

Outra missão que ficou na memória foi a da Somália, quando as forças francesas foram chamadas a apoiar a ocupação americana de 1993.

"A nossa missão era controlar o norte do país. O trabalho era fazer patrulhas pra ver se encontrávamos rebeldes, e daí desarmá-los. Fomos atacados uma vez, mas sem perda de vidas. O mais complicado era o clima, muito quente. Montamos um quartel no meio do deserto, de onde fazíamos as missões."

Assim que se aposentou, no ano passado, ele voltou para São Paulo. Além da cidadania francesa, trouxe na mala uma aposentadoria de 900 euros mensais, cerca de R$ 2,5 mil reais.

Recém instalado, já está em busca de trabalho em uma área muito popular entre ex-legionários do mundo todo: segurança Vip. "Tenho experiência nessa área e um bom treinamento. Estou fazendo testes para uma empresa inglesa", conta.
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Old January 31st, 2012 #37
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'Somos a bucha de canhão do Exército francês', diz brasileiro

http://www.bbc.co.uk/portuguese/repo...erfil_nv.shtml


Marcelo está satisfeito, mas tem críticas sobre o trabalho na Legião

Apesar de satisfeito com a carreira de soldado na Legião Estrangeira, onde está desde 2005, o carioca Marcelo, de 36 anos, afirma que o trabalho dos legionários não é simples e que a Legião é "a bucha de canhão do Exército francês".

"O primeiro tiro quem dá é a gente, depois vem o Exército. Se a Legião ganha a guerra, tudo bem, mas o mérito é do Exército francês. Se perdeu, tudo bem, quem morreu era estrangeiro mesmo", disse Marcelo à BBC Brasil.

No entanto, o legionário afirmou que que apesar de não ter seguido carreira no exército brasileiro - serviu por dois anos no Rio de Janeiro – ele sempre quis se aprimorar como soldado pára-quedista e A Legião lhe deu esta oportunidade.

"Estou fazendo coisas aqui que eu nunca conseguiria fazer no Brasil", contou.

Carreira militar

Marcelo vê a sua entrada na Legião como uma continuação da carreira militar. Depois de deixar o Exército brasileiro, ele trabalhou como entregador, segurança e assessor parlamentar. Mas sempre manteve o objetivo de virar legionário.

"Eu sempre quis vir, mas casei, tive um filho. Quando me separei, pensei: é agora ou nunca."

Ao chegar à França, se alistou logo no primeiro dia. Para ele, os meses iniciais foram os mais difíceis.

"Quem é novo tem que fazer faxina até as 9 horas da noite, além de treinar como todo mundo. E no começo não tem telefone, não tem contato com ninguém. Fiquei um ano sem ter contato com um civil, sem conversar. Foi só trabalho, trabalho e trabalho."


Marcelo gosta da carreira de 'soldado profissional'

A rotina de um legionário começa cedo, por volta 5h30 da manhã, quando acontece a primeira revista aos alojamentos. Às 6h, todo mundo tem que estar preparado para as instruções.

Quando não há cursos ou missões, o dia se divide em tarefas rotineiras dentro do quartel, como cozinhar, fazer a faxina ou trabalhos burocráticos, além de esportes e treinamento.

O serviço termina às 17h30. "O mais difícil é o fator psicológico, por ser cada um de uma nacionalidade diferente”, conta Marcelo. “Acaba acontecendo o que a gente chama de máfias. Você acaba se unindo ao cara que tem a mesma pátria que você. Existe muito racismo", disse ele à BBC Brasil.

Marcelo vê com bons olhos a vinda de mais brasileiros à Legião, mas acha que o número “está longe do ideal”. Hoje em dia, já não é incomum, segundo ele, haver feijoadas e batucadas aos fins-de-semana em alguns regimentos.

Missões

Por escolha própria, Marcelo foi para o 2º Regimento de Pára-Quedistas, que fica na ilha da Córsega.


O brasileiro pula de pára-quedas em Córsega

"Ali, o treinamento é ainda mais puxado. Fazemos cursos de salto, estágio de comandos na selva, montagem e desmontagem de todas as armas. Saltamos de helicóptero no mar, alpinismo, estamos o tempo todo ralando."

Ao longo desses três anos, o carioca esteve com o exército francês em missões no continente africano, como no Chade e na República do Djibuti, e no Libano. Além disso, já fez guarda na Torre Eiffel, em Paris, com uma equipe anti-terrorismo. Mas de todas as operações, a que mais marcou foi a primeira, na Costa do Marfim, em 2006.

"O país tinha acabado de sair da guerra civil, as tropas da ONU já estavam lá, e nossa missão era ajudar a manter a paz. Entramos em conflito com os rebeldes 3 vezes, isso me marcou. E também foi o primeiro contato que eu tive com a África. Ver aquela situação de miséria e fome me marcou muito."


Ele participou de missão na Costa do Marfim.

Marcelo se diz satisfeito em ser um "soldado profissional". Ganha 1,8 mil euros (R$ 4,7 mil) e ainda tem seguro de vida, férias e fundo de garantia.

Apesar das críticas que tem sobre o trabalho, ele contou à BBC Brasil que pretende ficar na Legião até se aposentar, o que pode acontecer depois de 15 anos de serviço.

No entanto, passados três anos, as experiências na Legião já mudaram um pouco sua visão sobre a profissão que escolheu.

"Acho que no fundo todos somos pacifistas. Quem quer a guerra? Guerra só traz destruição. Me diz um soldado que quer a guerra, ele está louco da cabeça. A gente faz porque é o nosso trabalho. Tem que fazer, a gente faz", contou.
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"A guerra é mãe e rainha de todas as coisas; alguns transforma em deuses, outros, em homens; de alguns faz escravos, de outros, homens livres."
 
Old November 9th, 2013 #39
Army
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Henzo. Eu pretendo ir me alistar ano que vem, esse post esclareceu todas as minhas duvidas. Gostaria d saber mais sobre a LE, me passa um e-mail pra contato. isso não sai da minha cabeça. Grato!

Legio Patria Nostra!

Last edited by Army; November 12th, 2013 at 03:42 PM. Reason: melhorar
 
Old November 18th, 2013 #40
Sangre Española
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Bom, primeira vez postando aqui... acompanho esse forum a algum tempo, mas nunca postei nada. A respeito de se alistar ou não, eu acho uma boa sim, tanto que também pretendo ir no ano que vem. Só tenho uma dúvida quanto a tatuagem... alguém sabe se eles barram certos tipos de tatuagem? Em outros forum internet a fora, vi gente dizendo que tattoo nazi não é aceita, outros que não tem problema, outros que depende de quem entrevistar... enfim, fiquei na mesma. Alguém tem essa informação pra compartilhar? Quanto a não ir por ser um antro de não-brancos e defender gente do mesmo tipo, é bobagem. Me diz ai em que lugar do Brownzil você não se relaciona com não-brancos? Ficar criticando de dentro do quarto é fácil, ter coragem pra sair e tentar ter um futuro diferente fora daqui é outra coisa... enfim, não acho válido esse argumento. Espero que alguém possa esclarecer minha dúvida.
 
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